Separados pelo Oceano Atlântico, mas unidos pelo amor e respeito à cultura do vinho, Rinaldo Dal Pizzol e Luís Vicente Elias Pastor escreveram a quatro mãos a obra ‘Paisagens do Vinhedo Rio-Grandense’, lançada no dia 27 de junho do ano passado, sem a pretensão de colecionar prêmios. No entanto, o reconhecimento veio naturalmente, diante da originalidade e qualidade da obra. O livro foi premiado pela Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), com sede em Paris (França), na categoria Vinhos e Territórios.
A reunião de deliberação do Prêmio OIV Júri ocorreu em Sofia, na Bulgária, dia 31 de maio, por ocasião do Congresso Mundial da entidade. Foram conferidos 10 prêmios e oito menções honrosas entre 65 obras de 19 países. Entre os 10 premiados, destaque para países como China, Croácia, Espanha, Estados Unidos, França, Itália e República Tcheca, além do Brasil com a obra de Dal Pizzol e Pastor.
O livro contém 288 páginas, dividido em 15 capítulos. A obra, do Instituto R. Dal Pizzol, é uma referência nos estudos da paisagem do vinhedo e foi produzida com financiamento do Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet, e conta com o patrocínio de Bradesco, Italínea, Florense, Toniolo Busnello e Concresul, e tem o apoio do Senar e Dal Pizzol Vinhos Finos. Generoso em fotografias, históricas e atuais, o livro permite estimular e suscitar reflexões que possam oferecer diagnósticos corretos e bem fundamentados e, a partir deles, venham propor prognósticos, propostas e soluções para a paisagem cultural do vinhedo.
Rinaldo Dal Pizzol ressalta que atualmente 40% da Serra Gaúcha é coberta por vinhedos, algo que foi acontecendo de forma espontânea pelo povo que passou a cultivar a região. “Seja pela necessidade, seja pelas condições favoráveis, fato é que não há outro lugar que tenha esse tipo de paisagens”, comenta. Para Luís Vicente Elias Pastor é preciso conscientizar os habitantes da zona produtora de uva da Serra Gaúcha dos valores que possui seu território, desde o ponto de vista paisagístico. “Parece-nos imprescindível que os moradores desses espaços reconheçam essas paisagens criadas pelos antepassados e se sintam orgulhosos delas, visto que elas criaram uma identidade específica”, observa. Ao final do livro, Pastor sugere que a paisagem de vinhedos da Serra Gaúcha mereceria ser candidata a ser reconhecida como Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A organização da obra ficou a cargo da produtora cultural, Dóris Couto, e tem a apresentação da professora Ivanira Falcade da Universidade de Caxias do Sul (UCS). O prefácio é de Mirian Sartori Rodrigues, diretora do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado (Iphae/RS), e prólogo de Jorge Tonietto, pesquisador da Embrapa Uva e Vinho.
OS AUTORES
Rinaldo Dal Pizzol é natural de Bento Gonçalves (RS) e formado em Ciências Econômicas. Desde 1960 foi diretor de empresas do setor vinícola. Presidiu a União Brasileira de Vitivinicultura (Uvibra) e foi vice-presidente da Festa Nacional do Vinho, em Bento Gonçalves, e da Festa Nacional do Champanhe, em Garibadi. Atualmente preside o Instituto R. Dal Pizzol, atua como consultor de empresas vinícolas no Brasil e do exterior, é diretor da Dal Pizzol Vinhos Finos. O Instituto é responsável pela recente constituição do Ecomuseu da Cultura do Vinho que abriga entre outros atrativos culturais uma bem organizada coleção ampelográfica privada (de videiras), em campo, com cerca de 400 variedades, museu a céu aberto e sala de exposição de longa duração que estão à disposição dos visitantes.
Luís Vicente Elias Pastor é natural de La Rioja (Espanha), doutor em Antropologia, mestre em Etnologia e licenciado em Filosofia. De 1974 a 1980 foi diretor do Museu Etnográfico de La Rioja. De 1991-2001 foi diretor da Fundação Caja Rioja. De 1998-2000 foi responsável pelo Programa Líder Temático Cultura do Vinho. Foi professor de Antropologia na Universidade Nacional de Educação a Distância, expert em temas de Patrimônio Cultural, autor de diversas publicações sobre patrimônio e turismo, cultura do vinho e turismo do vinho. Professor convidado de várias universidades sobre temas da cultura do vinho. Foi responsável pela documentação e patrimônio cultural das vinícolas R. López de Heredia (Viña Tondonia) en Haro (La Rioja) entre outras atividades.
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